PÁGINAS

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

PACTO DE LAUSANNE

Introdução
Nós, membros da Igreja de Jesus Cristo, procedentes de mais de 150 nações, participantes do Congresso Internacional de Evangelização Mundial, em Lausanne, louvamos a Deus por sua grande salvação, e regozijamo-nos com a comunhão que, por graça dele mesmo, podemos ter com ele e uns com os outros. Estamos profundamente tocados pelo que Deus vem fazendo em nossos dias, movidos ao arrependimento por nossos fracassos e desafiados pela tarefa inacabada da evangelização. Acreditamos que o evangelho são as boas novas de Deus para todo o mundo, e por sua graça, decidimo-nos a obedecer ao mandamento de Cristo de proclamá-lo a toda a humanidade e fazer discípulos de todas as nações. Desejamos, portanto, reafirmar a nossa fé e a nossa resolução, e tornar público o nosso pacto.

1. O Propósito de Deus
Afirmamos a nossa crença no único Deus eterno, Criador e Senhor do mundo, Pai, Filho e Espírito Santo, que governa todas as coisas segundo o propósito da sua vontade. Ele tem chamado do mundo um povo para si, enviando-o novamente ao mundo como seus servos e testemunhas, para estender o seu reino, edificar o corpo de Cristo, e também para a glória do seu nome. Confessamos, envergonhados, que muitas vezes negamos o nosso chamado e falhamos em nossa missão, em razão de nos termos conformado ao mundo ou nos termos isolado demasiadamente. Contudo, regozijamo-nos com o fato de que, mesmo transportado em vasos de barro, o evangelho continua sendo um tesouro precioso. À tarefa de tornar esse tesouro conhecido, no poder do Espírito Santo, desejamos dedicar-nos novamente.

2. A Autoridade e o Poder da Bíblia
Afirmamos a inspiração divina, a veracidade e autoridade das Escrituras tanto do Velho como do Novo Testamento, em sua totalidade, como única Palavra de Deus escrita, sem erro em tudo o que ela afirma, e a única regra infalível de fé e prática. Também afirmamos o poder da Palavra de Deus para cumprir o seu propósito de salvação. A mensagem da Bíblia destina-se a toda a humanidade, pois a revelação de Deus em Cristo e na Escritura é imutável. Através dela o Espírito Santo fala ainda hoje. Ele ilumina as mentes do povo de Deus em toda cultura, de modo a perceberem a sua verdade, de maneira sempre nova, com os próprios olhos, e assim revela a toda a igreja uma porção cada vez maior da multiforme sabedoria de Deus.

3. A Unicidade e a Universalidade de Cristo
Afirmamos que há um só Salvador e um só evangelho, embora exista uma ampla variedade de maneiras de se realizar a obra de evangelização. Reconhecemos que todos os homens têm algum conhecimento de Deus através da revelação geral de Deus na natureza. Mas negamos que tal conhecimento possa salvar, pois os homens, por sua injustiça, suprimem a verdade. Também rejeitamos, como depreciativo de Cristo e do evangelho, todo e qualquer tipo de sincretismo ou de diálogo cujo pressuposto seja o de que Cristo fala igualmente através de todas as religiões e ideologias. Jesus Cristo, sendo ele próprio o único Deus-homem, que se ofereceu a si mesmo como único resgate pelos pecadores, é o único mediador entre Deus e os homens. Não existe nenhum outro nome pelo qual importa que sejamos salvos. Todos os homens estão perecendo por causa do pecado, mas Deus ama todos os homens, desejando que nenhum pereça, mas que todos se arrependam. Entretanto, os que rejeitam Cristo repudiam o gozo da salvação e condenam-se à separação eterna de Deus. Proclamar Jesus como “o Salvador do mundo” não é afirmar que todos os homens, automaticamente, ou ao final de tudo, serão salvos; e muito menos que todas as religiões ofereçam salvação em Cristo. Trata-se antes de proclamar o amor de Deus por um mundo de pecadores e convidar todos os homens a se entregarem a ele como Salvador e Senhor no sincero compromisso pessoal de arrependimento e fé. Jesus Cristo foi exaltado sobre todo e qualquer nome. Anelamos pelo dia em que todo joelho se dobrará diante dele e toda língua o confessará como Senhor.

4. A Natureza da Evangelização
Evangelizar é difundir as boas novas de que Jesus Cristo morreu por nossos pecados e ressuscitou segundo as Escrituras, e de que, como Senhor e Rei, ele agora oferece o perdão dos pecados e o dom libertador do Espírito a todos os que se arrependem e creem. A nossa presença cristã no mundo é indispensável à evangelização, e o mesmo se dá com aquele tipo de diálogo cujo propósito é ouvir com sensibilidade, a fim de compreender. Mas a evangelização propriamente dita é a proclamação do Cristo bíblico e histórico como Salvador e Senhor, com o intuito de persuadir as pessoas a vir a ele pessoalmente e, assim, se reconciliarem com Deus. Ao fazermos o convite do evangelho, não temos o direito de esconder o custo do discipulado. Jesus ainda convida todos os que queiram segui-lo e negarem-se a si mesmos, tomarem a cruz e identificarem-se com a sua nova comunidade. Os resultados da evangelização incluem a obediência a Cristo, o ingresso em sua igreja e um serviço responsável no mundo.

5. A Responsabilidade Social Cristã
Afirmamos que Deus é o Criador e o Juiz de todos os homens. Portanto, devemos partilhar o seu interesse pela justiça e pela conciliação em toda a sociedade humana, e pela libertação dos homens de todo tipo de opressão. Porque a humanidade foi feita à imagem de Deus, toda pessoa, sem distinção de raça, religião, cor, cultura, classe social, sexo ou idade possui uma dignidade intrínseca em razão da qual deve ser respeitada e servida, e não explorada. Aqui também nos arrependemos de nossa negligência e de termos algumas vezes considerado a evangelização e a atividade social mutuamente exclusivas. Embora a reconciliação com o homem não seja reconciliação com Deus, nem a ação social evangelização, nem a libertação política salvação, afirmamos que a evangelização e o envolvimento sociopolítico são ambos parte do nosso dever cristão. Pois ambos são necessárias expressões de nossas doutrinas acerca de Deus e do homem, de nosso amor por nosso próximo e de nossa obediência a Jesus Cristo. A mensagem da salvação implica também uma mensagem de juízo sobre toda forma de alienação, de opressão e de discriminação, e não devemos ter medo de denunciar o mal e a injustiça onde quer que existam. Quando as pessoas recebem Cristo, nascem de novo em seu reino e devem procurar não só evidenciar, mas também divulgar a retidão do reino em meio a um mundo injusto. A salvação que alegamos possuir deve estar nos transformando na totalidade de nossas responsabilidades pessoais e sociais. A fé sem obras é morta.

6. A Igreja e a Evangelização
Afirmamos que Cristo envia o seu povo redimido ao mundo assim como o Pai o enviou, e que isso requer uma penetração de igual modo profunda e sacrifical. Precisamos deixar os nossos guetos eclesiásticos e penetrar na sociedade não-cristã. Na missão de serviço sacrifical da igreja a evangelização é primordial. A evangelização mundial requer que a igreja inteira leve o evangelho integral ao mundo todo. A igreja ocupa o ponto central do propósito divino para com o mundo, e é o agente que ele promoveu para difundir o evangelho. Mas uma igreja que pregue a Cruz deve, ela própria, ser marcada pela Cruz. Ela torna-se uma pedra de tropeço para a evangelização quando trai o evangelho ou quando lhe falta uma fé viva em Deus, um amor genuíno pelas pessoas, ou uma honestidade escrupulosa em todas as coisas, inclusive em promoção e finanças. A igreja é antes a comunidade do povo de Deus do que uma instituição, e não pode ser identificada com qualquer cultura em particular, nem com qualquer sistema social ou político, nem com ideologias humanas.

7. Cooperação na Evangelização
Afirmamos que é propósito de Deus haver na igreja uma unidade visível de pensamento quanto à verdade. A evangelização também nos convoca à unidade, porque o ser um só corpo reforça o nosso testemunho, assim como a nossa desunião enfraquece o nosso evangelho de reconciliação. Reconhecemos, entretanto, que a unidade organizacional pode tomar muitas formas e não ativa necessariamente a evangelização. Contudo, nós, que partilhamos a mesma fé bíblica, devemos estar intimamente unidos na comunhão uns com os outros, nas obras e no testemunho. Confessamos que o nosso testemunho, algumas vezes, tem sido manchado por pecaminoso individualismo e desnecessária duplicação de esforço. Empenhamo-nos por encontrar uma unidade mais profunda na verdade, na adoração, na santidade e na missão. Instamos para que se apresse o desenvolvimento de uma cooperação regional e funcional para maior amplitude da missão da igreja, para o planejamento estratégico, para o encorajamento mútuo e para o compartilhamento de recursos e de experiências.

8. Esforço Conjugado de Igrejas na Evangelização
Regozijamo-nos com o alvorecer de uma nova era missionária. O papel dominante das missões ocidentais está desaparecendo rapidamente. Deus está levantando das igrejas mais jovens um grande e novo recurso para a evangelização mundial, demonstrando assim que a responsabilidade de evangelizar pertence a todo o corpo de Cristo. Todas as igrejas, portando, devem perguntar a Deus, e a si próprias, o que deveriam estar fazendo tanto para alcançar suas próprias áreas como para enviar missionários a outras partes do mundo. Deve ser permanente o processo de reavaliação da nossa responsabilidade e atuação missionária. Assim, haverá um crescente esforço conjugado pelas igrejas, o que revelará com maior clareza o caráter universal da igreja de Cristo. Também agradecemos a Deus pela existência de instituições que laboram na tradução da Bíblia, na educação teológica, no uso dos meios de comunicação de massa, na literatura cristã, na evangelização, em missões, no avivamento de igrejas e em outros campos especializados. Elas também devem empenhar-se em constante autoexame que as levem a uma avaliação correta de sua efetividade como parte da missão da igreja.

9. Urgência da Tarefa Evangelística
Mais de dois bilhões e setecentos milhões de pessoas, ou seja, mais de dois terços da humanidade, ainda estão por serem evangelizadas. Causa-nos vergonha ver tanta gente esquecida; continua sendo uma reprimenda para nós e para toda a igreja. Existe agora, entretanto, em muitas partes do mundo, uma receptividade sem precedentes ao Senhor Jesus Cristo. Estamos convencidos de que esta é a ocasião para que as igrejas e as instituições paraeclesiásticas orem com seriedade pela salvação dos não-alcançados e se lancem em novos esforços para realizarem a evangelização mundial. A redução de missionários estrangeiros e de dinheiro num país evangelizado algumas vezes talvez seja necessária para facilitar o crescimento da igreja nacional em autonomia, e para liberar recursos para áreas ainda não evangelizadas. Deve haver um fluxo cada vez mais livre de missionários entre os seis continentes num espírito de abnegação e prontidão em servir. O alvo deve ser o de conseguir por todos os meios possíveis e no menor espaço de tempo, que toda pessoa tenha a oportunidade de ouvir, de compreender e de receber as boas novas. Não podemos esperar atingir esse alvo sem sacrifício. Todos nós estamos chocados com a pobreza de milhões de pessoas, e conturbados pelas injustiças que a provocam. Aqueles dentre nós que vivem em meio à opulência aceitam como obrigação sua desenvolver um estilo de vida simples a fim de contribuir mais generosamente tanto para aliviar os necessitados como para a evangelização deles.

10. Evangelização e Cultura
O desenvolvimento de estratégias para a evangelização mundial requer metodologia nova e criativa. Com a bênção de Deus, o resultado será o surgimento de igrejas profundamente enraizadas em Cristo e estreitamente relacionadas com a cultura local. A cultura deve sempre ser julgada e provada pelas Escrituras. Porque o homem é criatura de Deus, parte de sua cultura é rica em beleza e em bondade; porque ele experimentou a queda, toda a sua cultura está manchada pelo pecado, e parte dela é demoníaca. O evangelho não pressupõe a superioridade de uma cultura sobre a outra, mas avalia todas elas segundo o seu próprio critério de verdade e justiça, e insiste na aceitação de valores morais absolutos, em todas as culturas. As missões muitas vezes têm exportado, juntamente com o evangelho, uma cultura estranha, e as igrejas, por vezes, têm ficado submissas aos ditames de uma determinada cultura, em vez de às Escrituras. Os evangelistas de Cristo têm de, humildemente, procurar esvaziar-se de tudo, exceto de sua autenticidade pessoal, a fim de se tornarem servos dos outros, e as igrejas têm de procurar transformar e enriquecer a cultura; tudo para a glória de Deus.

11. Educação e Liderança
Confessamos que às vezes temos nos empenhado em conseguir o crescimento numérico da igreja em detrimento do espiritual, divorciando a evangelização da edificação dos crentes. Também reconhecemos que algumas de nossas missões têm sido muito remissas em treinar e incentivar líderes nacionais a assumirem suas justas responsabilidades. Contudo, apoiamos integralmente os princípios que regem a formação de uma igreja de fato nacional, e ardentemente desejamos que toda a igreja tenha líderes nacionais que manifestem um estilo cristão de liderança não em termos de domínio, mas de serviço. Reconhecemos que há uma grande necessidade de desenvolver a educação teológica, especialmente para líderes eclesiásticos. Em toda nação e em toda cultura deve haver um eficiente programa de treinamento para pastores e leigos em doutrina, em discipulado, em evangelização, em edificação e em serviço. Este treinamento não deve depender de uma metodologia estereotipada, mas deve se desenvolver a partir de iniciativas locais criativas, de acordo com os padrões bíblicos.

12. Conflito Espiritual
Cremos que estamos empenhados num permanente conflito espiritual com os principados e potestades do mal, que querem destruir a igreja e frustrar sua tarefa de evangelização mundial. Sabemos da necessidade de nos revestirmos da armadura de Deus e combater esta batalha com as armas espirituais da verdade e da oração. Pois percebemos a atividade no nosso inimigo, não somente nas falsas ideologias fora da igreja, mas também dentro dela em falsos evangelhos que torcem as Escrituras e colocam o homem no lugar de Deus. Precisamos tanto de vigilância como de discernimento para salvaguardar o evangelho bíblico. Reconhecemos que nós mesmos não somos imunes à aceitação do mundanismo em nossos atos e ações, ou seja, ao perigo de capitularmos ao secularismo. Por exemplo, embora tendo à nossa disposição pesquisas bem preparadas, valiosas, sobre o crescimento da igreja, tanto no sentido numérico como espiritual, às vezes não as temos utilizado. Por outro lado, por vezes tem acontecido que, na ânsia de conseguir resultados para o evangelho, temos comprometido a nossa mensagem, temos manipulado os nossos ouvintes com técnicas de pressão, e temos estado excessivamente preocupados com as estatísticas, e até mesmo utilizando-as de forma desonesta. Tudo isto é mundano. A igreja deve estar no mundo; o mundo não deve estar na igreja.

13. Liberdade e Perseguição
É dever de toda nação, dever que foi estabelecido por Deus, assegurar condições de paz, de justiça e de liberdade em que a igreja possa obedecer a Deus, servir a Cristo Senhor e pregar o evangelho sem quaisquer interferências. Portanto, oramos pelos líderes das nações e com eles instamos para que garantam a liberdade de pensamento e de consciência, e a liberdade de praticar e propagar a religião, de acordo com a vontade de Deus, e com o que vem expresso na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Também expressamos nossa profunda preocupação com todos os que têm sido injustamente encarcerados, especialmente com nossos irmãos que estão sofrendo por causa do seu testemunho do Senhor Jesus. Prometemos orar e trabalhar pela libertação deles. Ao mesmo tempo, recusamo-nos a ser intimidados por sua situação. Com a ajuda de Deus, nós também procuraremos nos opor a toda injustiça e permanecer fiéis ao evangelho, seja a que custo for. Nós não nos esquecemos de que Jesus nos preveniu de que a perseguição é inevitável.

14. O Poder do Espírito Santo
Cremos no poder do Espírito Santo. O pai enviou o seu Espírito para dar testemunho do seu Filho. Sem o testemunho dele o nosso seria em vão. Convicção de pecado, fé em Cristo, novo nascimento cristão, é tudo obra dele. De mais a mais, o Espírito Santo é um Espírito missionário, de maneira que a evangelização deve surgir espontaneamente numa igreja cheia do Espírito. A igreja que não é missionária contradiz a si mesma e debela o Espírito. A evangelização mundial só se tornará realidade quando o Espírito renovar a igreja na verdade, na sabedoria, na fé, na santidade, no amor e no poder. Portanto, instamos com todos os cristãos para que orem pedindo pela visita do soberano Espírito de Deus, a fim de que o seu fruto todo apareça em todo o seu povo, e que todos os seus dons enriqueçam o corpo de Cristo. Só então a igreja inteira se tornará um instrumento adequado em Suas mãos, para que toda a terra ouça a Sua voz.

15. O Retorno de Cristo
Cremos que Jesus Cristo voltará pessoal e visivelmente, em poder e glória, para consumar a salvação e o juízo. Esta promessa de sua vinda é um estímulo ainda maior à evangelização, pois lembramo-nos de que ele disse que o evangelho deve ser primeiramente pregado a todas as nações. Acreditamos que o período que vai desde a ascensão de Cristo até o seu retorno será preenchido com a missão do povo de Deus, que não pode parar esta obra antes do fim. Também nos lembramos da sua advertência de que falsos cristos e falsos profetas apareceriam como precursores do Anticristo. Portanto, rejeitamos como sendo apenas um sonho da vaidade humana a idéia de que o homem possa algum dia construir uma utopia na terra. A nossa confiança cristã é a de que Deus aperfeiçoará o seu reino, e aguardamos ansiosamente esse dia, e o novo céu e a nova terra em que a justiça habitará e Deus reinará para sempre. Enquanto isso, rededicamo-nos ao serviço de Cristo e dos homens em alegre submissão à sua autoridade sobre a totalidade de nossas vidas.

Conclusão
Portanto, à luz desta nossa fé e resolução, firmamos um pacto solene com Deus, bem como uns com os outros, de orar, planejar e trabalhar juntos pela evangelização de todo o mundo. Instamos com outros para que se juntem a nós. Que Deus nos ajude por sua graça e para a sua glória a sermos fiéis a este Pacto! Amém. Aleluia!

Lausanne, Suíça, 1974.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

AINDA HÁ ESPERANÇA

Sempre que este tema me vem à lembrança, uma pergunta cala em meu coração: quem sabe? Pergunta que por vezes tento evitar. Mas ela faz parte das nossas vidas porque, ao mesmo tempo, nos remete a um sentimento de dúvida e a um sentimento de esperança. Ela é fruto dessa indagação interior, que brota sem autorização do mais profundo da nossa alma. Queremos saber os “porquês” da vida. Mas não quero falar da incerteza, e sim da esperança.
Ao lado do amor, da paixão, da solidão, a esperança tem lugar cativo no coração dos poetas, dos sonhadores. E quem não gosta de sonhar? Dizem que só as crianças e os apaixonados ousam sonhar. Se isto é verdade, quero continuar a ser eternamente criança e um apaixonado pela vida. Ter esperança é poder sonhar.  De Fernando Pessoa, poeta luso, lemos:

     “De tudo, ficaram três coisas:
     A certeza de que estamos sempre começando.
     A certeza de que precisamos continuar.
     A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar.
     Portanto devemos:
     Fazer da interrupção um caminho novo.
     Da queda, um passo de dança.
     Do medo, uma escada.
     Do sonho, uma ponte”.
                                                                 (Certeza – Fernando Pessoa)

Sim. O sonho é a ponte que nos permite atravessar os rios da vida. A única certeza que temos é que a nossa caminhada um dia será interrompida. Quando? Não importa. Gosto do sonhador Jeremias, que me faz pensar que vale a pena continuar sonhando: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança” (Lamentações 3.21).
Infelizmente, muitos desistiram de seus sonhos. Acham que a esperança não mais lhes baterá à porta convidando-os a sair para viverem dias melhores, como constituir uma família, voltar a estudar, concluir um curso, conseguir um novo emprego, vencer uma doença, por exemplo, enfim, a alcançarem ideais que ficaram para trás. Para estes só resta uma saída: reconstruir a ponte que caiu, para que possam outra vez voltar a sonhar.
Antoine de Saint-Exupéry, autor do famoso livro “O Pequeno Príncipe”, clássico da literatura mundial, numa de suas célebres frases disse: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Tudo o que conquistamos na vida é um legado para a eternidade. Então, ainda há esperança! O que você está esperando?

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

SALMO 1

Não quero ter raízes no chão fincadas.
Quero-as no céu espalhadas,
Para receber seiva que alimenta,
Para ter a força que sustenta.

Não quero fazer meu caminho na estrada

Mais comumente trilhada,
Levado para onde tantos vão
Como se não houvesse outro portão.

Quero conectadas minhas raízes

Com as fontes que percorrem o céu
Para fazer as almas felizes.

Quero ficar firme, em pé,

Raízes apontadas para cima
De onde vem a força que as anima.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O RESPEITO DIVINO por Ariovaldo Ramos

“Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho de João, tu me amas? Pedro entristeceu- se por ele lhe ter dito, pela terceira vez: Tu me amas? E respondeu- lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas”. João 21.17

Pedro negara a Jesus da forma mais angustiante. O último contato entre Pedro e o Cristo fora logo após o canto do galo. A profecia se cumprira: antes do galo cantar, Pedro negara, três vezes, conhecer ao Cristo; e quando o galo cantou os olhares de Pedro e do Cristo se encontraram... Nada mais restava a Pedro, senão sair para chorar.

Quando as mulheres, no domingo da ressurreição, foram ao túmulo para embalsamar o corpo de Jesus, encontraram o Anjo, que, após comunicar a ressurreição do Cristo, transmitiu-lhes a missão de comunicar aos discípulos e a Pedro, que o Cristo os encontraria na Galiléia.

Ao orientar ao Anjo que nominasse a Pedro, Jesus comunicou-lhe que fora perdoado e reincluso no colégio dos alunos do Cristo. Estava de volta ao time!

Galiléia dos gentios, Jesus reencontra Pedro. Primeiro, comeram, sempre um momento de descontração, ainda que estivessem diante do numinoso manifesto em carne, o que sempre silencia quem quer que seja. O mistério, quanto mais maravilhoso, mais impõe a pausa da reverência. E, então, começa um diálogo inusitado que não surpreende pelo constrangimento natural, mas pelo conteúdo.

Jesus tem a conversa esperada com seu aluno renegado, mas, para surpresa geral e particular, não toca no assunto. Não inquire sobre os motivos de tal abjeto ato, que, ademais, lhe havia sido avisado com antecedência; não questiona o porquê de não ter pedido ajuda quando teve oportunidade, nem pronuncia o temerário: "eu não lhe disse?".

Jesus, o Cristo, respeita o arrependimento de Pedro. O Messias quer, apenas, saber se a base para a retomada de qualquer relacionamento continua presente no coração do aprendiz. Se Pedro ainda o amava.

O mais triste no pecado é perceber que, ainda que por um momento, um amor consumido pelo egoísmo traiu o amor que sustenta vida, o amor por aquele que, na essência, é amado mais que a própria vida.

Arrepender-se é voltar consternado ao amor que, abandonar leva à perda do sentido da existência. Esse retorno tem de ser respeitado!

Nada mais angustiante do que o desrespeito ao arrependido. Nada mais terrível do que erro já confessado continuar a ser o assunto de rodas de pretensos irmãos. Nada mais aviltante do que pessoas a quem foi pedido perdão, principalmente, se mentores, ficarem a espalhar o que lhes foi dito no lugar sagrado da confissão.

A condição indispensável para se sustentar a sinceridade do perdão ou do amor é o respeito ao arrependimento. Logo, o respeito ao arrependido. A maneira de respeitar o arrependido é o silêncio que dá lugar ao amor. O arrependimento é fruto de dor que o perdão deveria consolar.

Jesus acreditou em Pedro e lhe devolveu a honra, devolveu-lhe as chaves do Reino. O Cristo sempre faz assim quando perdoa!

E o surpreendente, tendo como base o cristão moderno, é que os demais apóstolos nunca questionaram o ato do Cristo. Ninguém saiu a contestar Pedro ou a reinvidicar para si as chaves pelo Senhor devolvidas. Ninguém nunca mais tocou no assunto. Não há pecado onde Deus não imputa pecado. O arrependimento tem de ser respeitado. Pedro voltou a ser digno de confiança como o deve ser quem quer que tenha se arrependido.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O PODER DE DEUS E O PODER DO AMOR por François Varillon

    Nós, cristãos, afirmamos tranquilamente, como se isto fosse evidente, que Deus é todo-poderoso ou será que pronunciar tais palavras provoca em nós um mal-estar?

    Creio que para muita gente, isto não apresenta dificuldades; efetivamente, Deus é Deus, não se compreende como não será todo-poderoso. Mas há outras pessoas, contudo, cada vez mais numerosas na época de crise que ora atravessamos, para as quais as afirmações de uma onipotência de Deus é o mais grave motivo para não crer.

    Não sejamos superficiais ao analisar a posição desses homens: no fundo, eles julgam mais digno do homem e, consequentemente, mais verdadeiro proferir um céu vazio ao fantasma de um Imperador do mundo, potentado, déspota, dramaturgo supremo, a manobrar as marionetes da tragicomédia humana, fixando, petrificando ou curto-circuitando liberdades, que, aliás, supõe-se que haja criado.

    Admito ateus que são ateus por lhes parecer contraditório o conceito do Absoluto ou de Transcendente. Creio, porém, que a maioria dos ateus são aqueles que abominam uma onipotência que seria denegadora ou destruidora de nossa liberdade. De todas as flechas que visam a fé cristã ou mesmo ao deísmo, a que pretende ferir Deus em sua onipotência é a que mais seguramente se aproxima do alvo.

    Ora, se reflito naquilo que creio (e eu os convido a refletir naquilo em que crêem), vejo claramente o seguinte: seria radicalmente impossível para eu fiar-me em Deus, abandonar-me a Ele em confiança se nada soubesse sobre a natureza de seu poder. Ele é todo-poderoso, mas poderoso com que poder? Diante de um ser muito poderoso, recomenda-se prudência.

    A mais elementar sabedoria manda desconfiar. Antes de tudo, permanecer livre, salvaguardar a independência. Mais vale o niilismo (do latim, nihil: nada) que a escravidão. O niilismo é a grande tentação deste século, pois o gosto pelo nada, por amargo que seja, é menos amargo que o da servidão. Entre não ser e ser escravo do poder de Hitler escolho deliberadamente não ser.

    Bem sei que o niilismo é um sonho, pois o fato é que eu existo. Mas posso ao menos deixar-me escorregar pela rampa que conduz ao suicídio. Menor loucura é suicidar-se que cair nas mãos de alguém que nos ameaça a liberdade. Não posso afirmar que creio num Deus todo-poderoso, a não ser que tenha a certeza de que se trata de um poder que não ameaça a minha liberdade.

    Em outros termos (e aqui peso as palavras, pois se trata do essencial de minha fé), se eu não acreditasse que Deus só é poderoso para amar e ir até o cúmulo do amor, até a morte (morrer pelos que se ama) e o perdão (perdoar os que nos matam), se eu não acreditasse que o poder de Deus é um “sobrepoder” cuja natureza é renunciar por amor à utilização dos meios do poder para manipular as criaturas, eu imediatamente aceitaria que os homens descessem a encosta do sonho niilista e teria o cuidado de não acusar meus contemporâneos que se deixam fascinar por esse sonho.

    Tudo muda, porém, se a onipotência de Deus é a onipotência de amor. Entre onipotência e amor todo-poderoso, há uma grande diferença; há, literalmente, um abismo. O cristão não diz acreditar que Deus é todo-poderoso, diz acreditar em um Deus Pai todo-poderoso. Importância decisiva na preposição “em” seguida do nome próprio. No credo, a afirmação de Deus e de sua onipotência é pronunciada e compreendida num movimento de confiança e amor, expresso precisamente por essa preposição. Dizer: creio em ti é dizer: sei que teu poder não é um perigo para a minha liberdade, mas que ele está, bem ao contrário, a serviço de minha liberdade. “Crer em”, a chave é esta.

[...]

    A fé é o impulso de todo ser para Deus, o comprometimento do mais profundo de si; se assim não for não se trata de fé. Um tal impulso seria delírio e loucura, não houvesse a certeza de que Deus é todo-poderoso para amar, que o amor, não o poder, é que é a essência de Deus; que o poder é um atributo do amor. Confiar-me sem reservas a um poder que poderia ser perigoso para minha liberdade seria loucura. Abandonar-me a um ser desprovido de poder seria igualmente loucura. E a idéia de um amor isento de poder ou energia é igualmente louca, insensata. Mas, ao contrário, o que se preenche magnificamente de sentido é a acolhida à Energia de amar. Ora, o Espírito Santo é isso: a Energia Divina de amar que nos foi dada.

[...]

    Crer na onipotência de Deus, crer que Deus é todo-poderoso sem acreditar nele: nada há de igual para falsear a vida religiosa pela raiz. Nada de igual para desencadear uma mentalidade mágica. A história das religiões demonstra que a mentalidade e as práticas mágicas pululavam na história e ainda em nossos dias, mesmo nos meios cristãos, a despeito dos eufemismos vocabulares eclesiais. Não nos deixemos enganar pelas palavras. O que está em jogo, em relação a Deus, são freqüentemente o interesse e o medo.

    Manda o interesse que se busque utilizar a onipotência em nosso benefício; e exige o temor que se encontrem meios de preservar do perigo que ela encerra. E isto nada tem a ver com a fé. É magia. Se fosse possível psicanalisar o conteúdo do espírito de certo número de cristãos mal-educados, perceber-se-ia que eles dizem baixinho: “O que será que Deus está cozinhando lá em cima? Que estará preparando para mim? Ventura ou desventura? Saúde ou doença? Sucesso ou fracasso? Por interesse e por temor, vou orar para que não me prepare nada de desagradável”.

    Até o dia em que surge a tentação de exorcizar radicalmente a ameaça, dizendo: não há um Deus todo-poderoso. Nesse momento é que o ateísmo irrompe para a consciência adulta como a mais racional das atitudes. E isto não é de todo falso. É só não esquecer a frase de Pascal: “O ateísmo é sinal de força do espírito, mas só até certo grau”. Porque sob o céu transformado em deserto, esvaziado do supremo todo-poderoso, nascem e proliferam outros poderes, poderes que não se temerá absolutizar alegremente, em todos os níveis da vida individual e coletiva. São poderes que bem conhecemos: dinheiro, sexo, raça, partido, etc. Tudo nele pode tornar-se poder de dominação, de opressão, de destruição. Toda mutação da civilização é, de certo modo, uma mutação de idolatria.

    Tudo isto – magia supersticiosa ou ateísmo negativo (a escolha é de vocês) é inevitável, se o poder de Deus não for compreendido como poder de amor. O cristão crê na onipotência do amor. A fé é um ato íntimo de sua liberdade, que o compromete até o mais profundo de si e o põe em movimento rumo a um Amor que só sabe amar. O cristão não diz que crê em Deus todo-poderoso; ele diz crer em Deus Pai todo-poderoso. O que clama, o que canta é o poder de uma paternidade.

    A estrutura do Credo é trinitária. Nem eu nem os cristãos cremos que Deus é um eterno Narciso, a contemplar a si mesmo, a admirar-se, a consumir-se a si mesmo, a absorver-se, a encarnar-se. Crer num tal Deus seria manifesto absurdo. Quando muito, eu poderia pensar que tal Deus narcísico existe. Mesmo assim... Crer nele é impossível.

    Ser a preposição “em” é essencial ao ato de fé, Aquele em quem eu creio só pode ser o Pai. E se o nomeio Pai, isto exige que, no mesmo impulso de pensamento e de amor, eu nomeie também o Filho e o Espírito. Dizer que Deus é amor, e dizer que Ele é Trindade é exatamente a mesma coisa.

(Extraído de "Crer para viver" - Edições Loyola - páginas 143-147)

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

CONFORME TUAS FORÇAS por Charles Haddon Spurgeon

"Tudo o que te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças".
Eclesiastes 9.10

    Tudo o que te vier à mão para fazer, refere-se a trabalhos que são possíveis. Há muita coisa que nosso coração encontra para fazer que nunca faremos. É bom estarem em nossos corações; mas, se formos eminentemente úteis, não devemos estar contentes apenas em preparar planos em nossos corações e falar deles; devemos executar praticamente “tudo o que vier à nossa mão para fazer”.

    Uma boa ação é mais valiosa do que mil teorias brilhantes. Não esperemos por grandes oportunidades, ou por uma espécie diferente de trabalho, mas façamos exatamente as coisas que "acharemos para fazer" dia após dia. Não temos outro tempo no qual viver. O passado se foi; o futuro ainda não chegou; nunca teremos tempo algum que não seja o presente. Portanto, não esperemos até que nossa experiência amadureça antes de tentarmos servir a Deus.

    Esforcemo-nos agora para produzir frutos. Sirvamos a Deus agora, mas tomemos cuidado com a forma como estamos realizando o que encontramos para fazer - "façamo-lo conforme as nossas forças". Façamo-lo prontamente; não desperdicemos nossa vida pensando no que pretendemos fazer amanhã, como se isso pudesse compensar a inatividade de hoje. Qualquer coisa que fizermos para Cristo dediquemo-nos a ela com toda a nossa alma. Não demos a Cristo um pequeno trabalho depreciável, feito de maneira natural de vez em quando; mas, quando o servirmos, façamo-lo com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças.

    Mas onde está a força do cristão? Não está em si mesmo, pois ele é uma fraqueza total. Sua força repousa no Senhor dos Exércitos. Então procuremos sua ajuda; continuemos com oração e fé, e, quando tivermos feito o que nossa mão tem para fazer, esperemos no Senhor por Sua bênção. O que fizemos assim será bem-feito, e não falhará em seus resultados.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O QUE É SER WESLEYANO HOJE?



    São três as características que distinguem a Teologia Wesleyana das demais: a Graça Preveniente do Espírito Santo; a Perfeição Cristã ou Doutrina da Inteira Santificação e o Testemunho do Espírito Santo.

    Ser wesleyano hoje é viver e proclamar a mensagem mais relevante para o Brasil, o que desencadeia numa vida na contra mão das igrejas evangélicas existentes.

    Ser wesleyano no contexto brasileiro significa renovar o compromisso com a teologia da cruz, que tem por objetivo enfatizar a centralidade da palavra de Deus resgatando o arrependimento, a fé em Jesus Cristo e o poder do Espírito para vencer o pecado; e ao ser liberto, viver em justiça e santidade diante de Deus, atendendo o chamado de renuncia para seguir ao Senhor, colocando-o acima de sua própria vontade. Renovar o compromisso com a evangelização, começando com a ênfase na necessidade de uma experiência pessoal com Cristo, se arrependendo e se entregando totalmente a Ele.

    Recuperar a ênfase na mensagem radical, pregar com ousadia mostrando convicção na defesa da verdade. Saber lidar, conforme a Palavra, com temas como a homossexualidade, injustiça, aborto e outros. Há necessidade da proclamação aberta da Palavra e também da vida exemplar por parte de um cristão.

    Renovar o compromisso com a missão integral, preocupando-se com a salvação da alma e com a restauração do corpo, visando o homem como um todo. Se preocupar com a estrutura social, não só com o indivíduo. É importante trazer à tona a preocupação com a dimensão pública da fé, pensando em como lidar com as questões políticas, ambientais e sociais do país.

    Renovar o compromisso com a vocação leiga, a evangelização não é só tarefa dos pastores, mas principalmente dos leigos, esses estarão no dia a dia manifestando o amor para com o mundo e falando acerca de Jesus.

    É fundamental que os leigos tenham gratidão pela sua nova dignidade perante Deus e o mundo, exercendo seu papel de cidadãos dos céus e embaixadores como membros da igreja, não sendo considerados inferiores aos pastores.

    Falar de arrependimento de pecados, não é algo que cai no agrado do povo, e em geral, igrejas com estilo de vida como esse não cresce muito numericamente. Observe atentamente o crescimento das “mega igrejas”, a mensagem disseminada dentro desses “templos”, são as que agradam as pessoas. Pastores e líderes estão sendo tentados a aplicar métodos empresariais para crescimento numérico acelerado de igrejas.

    Contudo, ser wesleyano hoje é enfatizar a santidade e a transformação do caráter diante dos escândalos que nos permeiam; é adotar uma posição impopular.

Thiago Vitor

O AVIVAMENTO WESLEYANO



"Eu me coloco em chamas, e o povo vem para me ver queimar"
John Wesley respondendo à pergunta de como ele atraía as multidões. 

"Dai-me cem homens que nada temam senão o pecado, e que nada desejam senão a Deus, e eu abalarei o mundo"
John Wesley 









    O Grande Reavivamento dos anos 1739 - 91 é frequentemente chamado de Reavivamento Wesleyano. É que, embora Deus tivesse usado grandemente George Whitefield, os dois irmãos Wesley e dúzias de pregadores leigos para acender o fogo de reavivamento, John Wesley pregou em mais lugares, a mais pessoas e durante um maior número de anos do que os outros. Ele também fez mais para conservar o fruto do reavivamento. John Wesley foi claremente o líder escolhido por Deus para este impressionante despertamento espirtual. - Wesley Duewel, O Fogo de Reavivamento.



    John Wesley nasceu no dia 17 de junho de 1703, em Epworth, Lincolnshire, Inglaterra. Com dezessete anos ele começou estudar teologia na faculdade de Oxford, e recebeu sua diploma de bacharel em 1724 e seu doutorado em 1727. Ele foi consagrado ministro da igreja Anglicana (Igreja da Inglaterra) em 1724. John continuou na faculdade de Oxford, onde ele era membro do Conselho da Faculdade Lincoln e professor de grego.


    Em 1729 Charles Wesley, o irmão de John, e mais dois estudantes começaram um pequeno grupo que se reunia para oração, estudo bíblico e encorajamento mútuo. John logo tornou-se o líder do grupo, que era chamado o "Clube Santo". Eles usavam um sistema metódico de auto-exame e auto-disciplina, e por este motivo foram chamados de 'metodistas' por alguns. O grupo nunca cresceu muito, variando entre 10 e 15 membros, com um máximo de 25. Um outro jovem chamado George Whitfield juntou-se ao grupo depois de alguns anos, tornando-se um grande amigo de John Wesley.

    Em outubro de 1735 John e Charles Wesley viajavam para América como missionários, porém depois de um pouco mais que dois anos, John voltou a Inglaterra, em fevereiro de 1738, preocupado com sua própria salvação. "Fui para a América converter os índios", ele lamentou, "mas, oh, quem vai me converter?". Poucos meses depois, no dia 24 de maio, John teve uma experiência na qual ele obteve a certeza da sua salvação pelá fé. Poucos anos depois, John e outros membros do Clube Santo tiveram uma experiência poderosa de enchimento com o poder do Espírito Santo:


    No dia do Ano Novo, 1739, John e Charles Wesley, George Whitefield(Foto ao lado) e mais quatro membros do Clube Santo fizeram uma festa de amor (santa ceia) em Londres. 'Cerca de três da manhã, enquanto estávamos orando, o poder de Deus caiu tremendamente sobre nós, a tal ponto que muitos gritaram de alegria e outros caíram ao chão (vencidos pelo poder de Deus). Tão logo nos recobramos um pouco dessa reverência e surpresa na presença da Sua majestade, começamos a cantar a uma voz: "Nós te louvamos, ó Deus; Te reconhecemos como Senhor"'. Este evento foi chamado de Pentecoste Metodista. - Wesley Duewel, O Fogo de Reavivamento. 


    A partir deste dia, um grande avivamento começou. Dentro de um mês e meio, George Whitfield estava pregando para multidões de milhares, com John Wesley fazendo o mesmo dentro de três meses. Com apenas 22 anos de idade, Whitefield começou a pregar ao ar livre: As multidões aumentavam diariamente até chegar a vinte mil ouvintes. Os mais ricos ficavam sentados em seus coches e outros em seus cavalos. Alguns sentavam nas árvores e em toda parte o povo se reunia para ouvir Whitefield pregar. Todos eram às vezes levados a chorar, conforme o Espírito de Deus descia sobre eles.


    Whitefield continuava insistindo com Wesley para ir a Bristol e ajudá-lo. Em abril, Wesley ficou ao lado de Whitefield em Kingswood, ainda questionando se era adequado falar fora do prédio da igreja. Naquela noite Whitefield pregou sobre o Sermão do Monte. De repente compreendeu que Jesus também pregara ao ar livre. Whitefield voltou a Londres e no dia seguinte Wesley pregou então a três mil ao ar livre em Kingswood. Ele permaneceu em Bristol durante dois meses, mais ocupado do que nunca. Seus cultos das 7 horas da manhã de domingo geralmente tinham de cinco mil a seis mil ouvintes. 


    Ali, para surpresa de Wesley, ele começou a observar o Espírito Santo convencendo poderosamente as pessoas de seus pecados enquanto pregava. Indivíduos bem vestidos, arrogantes e de coração endurecido, repentinamente gritavam como se estivessem em agonia. Tanto homens como mulheres, dentro e fora dos prédios das igrejas, tremiam e caíam no chão. Quando Wesley interrompeu seu sermão e orava em favor deles, logo encontravam paz e rejubilavam-se em Cristo.


    Um quacre, grandemente aborrecido com os gemidos e gritos das pessoas que eram convencidas de seus pecados, foi repentinamente atirado ao chão em profunda agonia por seus próprios pecados. Depois de Wesley ter orado, o quacre exclamou: "Agora sei que és um profeta do Senhor". Cenas similares ocorream em Londres e Newcastle. Wesley não encorajava essas reações emocionais e declarou que poderia haver casos de fingimento. Ele falava sempre em voz calma e controlada, sem mostrar emoção. Mas reconheceu também que o poder de Deus estava operando, convencendo e transformando pessoa após pessoa. -Wesley Duewel, O Fogo de Reavivamento


    Whitefield continuo pregando a milhares, na Inglaterra e nos Estados Unidos, até sua morte, aos 56 anos, em 1770. Ele e o John Wesley tiveram uma diferença de teologia, com o Whitefield se tornando calvinista e associando-se à igreja Presbiteriana, porém os dois permaneceram grandes amigos. Sabendo das suas diferenças doutrinárias, alguem perguntou a Whitefield se ele achava que iria ver o John Wesley no céu. "Temo que não", ele respondeu, "ele estará tão perto do trono eterno, e nós tão distantes, que quase não veremos ele". 


    O ministério de evangelismo do Wesley continuou a crescer, e ele começou a criar "sociedades de avivamento" nos lugares onde ele ministrava. Este grupos pequenos se reuniam para oração, encorajamento e estudo bíblico. No início Wesley encorajava os grupos a permanecer na Igreja na Inglaterra, mas diferenças com a igreja a respeita a seu estilo de pregação ao ar livre, sua mensagem de salvação pela fé, e sua utilização de leigos como pregadores e líderes das sociedades, levou ao estabelecimento da igreja Metodista.


    John Wesley viajou extensivamento, na Inglaterra e na Ámerica, e o fogo de avivamento se espalhou rapidamente. Em agosto de 1770 havia 29.406 membros, 121 pregadores e 50 zonas na Inglaterra,inúmeros pregadores e 100 capelas nos Estados Unidos. Quando Wesley morreu, no dia 2 de março de 1791, havia mais de 120.000 metodistas nas suas sociedades.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

TODOS SOMOS ESCRAVOS


    Ninguém é livre. Todos somos escravos. O que muda é o senhorio. O homem e a mulher, o jovem e o adulto, o crente e o descrente – ninguém faz exatamente o que deseja. Todos agem pela força de impulsos dominantes que se alternam na mente de cada um. Paulo explica esse fenômeno: “A carne deseja o que é contrário ao Espírito e o Espírito o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam”. Gálatas 5.17

    Chama-se de carne a natureza pecaminosa que acompanha e persegue o ser humano desde a queda. Trata-se de uma dificuldade nata que arrasta a pessoa para baixo. Para designar a carne, usa-se, no vocabulário cristão, a expressão “pecado residente”. A literatura secular refere-se ao mesmo problema, com expressões diferentes, embora sinônimas: “o lado ruim”, “o lado animal”, “o lado negro”, “o lado diabólico”, “a parte maldita”, “o fantasma interior” e por ai vai.

    Chama-se de Espírito a terceira pessoa da Santíssima Trindade, o consolador, aquele que Jesus prometeu enviar após sua ascensão João 14.16-18. O Espírito ocupa o coração do pecador que se converte a Jesus e assegura sua salvação. O ministério do Espírito dentro do coração do crente é consolar, santificar, guiar, consolidar a salvação e garanti-la, tornar Jesus cada vez mais conhecido e produzir frutos saudáveis e contrários às obras da carne.

    Por serem assumidamente opostos, a carne e o Espírito contendem entre si. O crente será escravo da carne ou do Espírito. No primeiro caso, ele é chamado de crente carnal; no segundo de crente espiritual I Coríntios 3.1-3. Quando carnal, ele se envolve com obras próprias da natureza humana, como inimizades, brigas, inveja, imoralidade sexual etc. Quando espiritual, ele se envolve com frutos próprios do Espírito, como amor, paz bondade, domínio próprio etc. Gálatas 5.19-24.

    Enquanto no Egito, o povo eleito era escravo de Faraó. Os egípcios “os sujeitavam a cruel escravidão. Tornaram-lhes a vida amarga, impondo-lhes a árdua tarefa de preparar o barro e fazer tijolos, e executar todo tipo de trabalho agrícola” Êxodo 1.13-14. Enquanto no deserto e na terra prometida, o mesmo povo eleito era escravo do Senhor. Está escrito: “Os israelitas são escravos do Senhor Deus, que os tirou do Egito; eles não deverão ser vendidos como escravos” Levítico 25.42. A primeira escravidão é opressora; a segunda, libertadora.

    Jesus declarou que “todo aquele que vive pecando é escravo do pecado, mas se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres” João 8.31-36. Todavia, o crente só é livre do pecado quando se torna escravo do Senhor Jesus. Paulo explica que “ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, em quem temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados” Colossenses 1.13-14. Os Cristãos são libertos de um reino “o domínio das trevas” para outro “o domínio da luz”. A escolha que se faz é entre esses dois reinos.

P.S. Texto extraido da revista Ultimato.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

DECLARAÇÃO PESSOAL



T H I A G O  V I T O R




  1. Obedecerei, respeitarei, amarei e honrarei meus pais até o fim de suas vidas ou termino da minha.
  1. Respeitarei, amarei e honrarei meus irmãos Lucas e Israel Jr. e suas respectivas esposas e filhos por toda minha vida.
  1. Serei fiel ao voto matrimonial.
  1. Amarei e Educarei meus filhos de acordo com a disciplina e o conselho do Senhor. Estarei presente e atento as dificuldades particulares que enfrentarão ao longo da vida.
  1. Respeitarei, amarei e honrarei meu sogro e sogra, cunhados e respectivas esposas e filhos por toda minha vida.
  1. Respeitarei e amarei todos meus familiares; avôs e avós, tios e tias, primos e primas, e estarei presente na vida deles, assim como eles sempre estiveram na minha.
  1. Usarei o tempo disponível para estudar a Bíblia e aperfeiçoar meu currículo acadêmico.
  1. Serei mestre, discipulador e pastor. Ensinarei, acompanharei e cuidarei de minhas ovelhas.
  1. Proclamarei as boas novas do evangelho, falarei do amor de Cristo e morrerei se necessário proclamando.
  1. Submeterei, obedecerei e apoiarei meus pastores e líderes.
  1. Amarei meus irmãos em Cristo como amo a mim mesmo. Serei servo, amigo e irmão, estenderei minhas mãos quando mais precisarem de mim e não os abandonarei em tempos de guerra.
  1. Orarei e jejuarei pela paz e unidade do corpo de Cristo. 

segunda-feira, 10 de maio de 2010

CRISTIANISMO



VERSÃO PORTUGUÊS


GÁLATAS 6.1-5
Isso é palavra de Deus (Bíblia) e não de homens!

    "Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vós que sois espirituais, deveis restaurar essa pessoa com espírito de humildade.Todavia, cuida de ti mesmo, para que não sejas igualmente tentado.
    Levais as cargas pesadas uns dos outros e, assim, estareis cumprindo a Lei de Cristo.
    Pois, se alguém se considera importante, não sendo nada, engana a si mesmo.
    Mas cada indivíduo avalie suas próprias atitudes, e, então, saberá como orgulhar-se de si mesmo, sem viver se comparando com outras pessoas.
    Portanto, cada um deve levar seu próprio fardo."

ISSO É O VERDADEIRO CRISTIANISMO...
MUTUALIDADE CRISTÃ.

    "Ora, Ele nos entregou este mandamento: Quem ama a Deus, ame de igual forma a seu irmão!" 1 João 4.21
    "Através deste testemunho todos reconhecerão que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns pelos outros." João 13.35

    De todos os anos que me reuni dentro desses templos (pois a igreja somos nós) para adorarouvir estudar a palavra de Deus junto com meus irmãos em Cristo e família (de sangue), foram essas as palavras ensinadas por meus professores de EBD e pastores que passaram por minha vida e na de cada um de vocês, assim creio e posso afirmar.
    Vi em todos esses anos, pessoas serem tiradas das trevas para a maravilhosa luz do Senhor; pessoas próximas de minha própria casa (pai, mãe, irmãos e eu), como também desconhecidos que pude ver uma CONVERSÃO GENUÍNA; e afirmo essas palavras, pois uma boa árvore é conhecida pelos seus bons frutos.
    A igreja não é nossa, até porque, assim como disse acima, A IGREJA SOMOS NÓS, e quem tem o senhorio de nossas vidas é Deus. Cabe a cada um zelar pela unidade desse corpo; se o corpo é ferido, é nossa responsabilidade tratar a ferida, e ferida não é curada a dura facadas, mas com AMOR. "O amor é paciente; o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, nem é arrogante. Não se porta de maneira inconveniente, não age egoisticamente, não se enfurece facilmente, não guarda ressentimentos".
1 Coríntios 13.4 e 5

ISSO É CRISTIANISMO...
MUTUALIDADE CRISTÃ...

se eu estiver errado a respeito dessas coisas, tudo que ouvi e aprendi durante toda a minha vida até agora sobre o cristianismo, seria a mais pura mentira!

Thiago Vitor


ENGLISH VERSION

Galatians 6.1-5

This is God's word (Bible) rather than men!

    
"Brothers, if someone is caught in a sin, you who are spiritual, restore such a person ought to humildade.Todavia spirit, takes care of thyself, lest thou also be tempted.
    
You bear the heavy loads from one another and thus you will be fulfilling the law of Christ.
    
For, if one considers important, he is nothing, he deceives himself.
    
But each individual to evaluate their own attitudes, and then will know how proud of himself, without comparing yourself to live with other people.
    
Therefore, everyone should carry their own burden. "



THIS IS THE TRUE CHRISTIAN...
CHRISTIAN MUTUAL. 

    
"Well, He gave us this command: Whoever loves God must love equally to his brother!" 1 John 4:21
    
"Through this testimony all know that you are my disciples, if you have love for one another."John 13:35

    
Of all the years that I met inside these temples (because we are the church) to worship, listen and study the Word of God along with my brothers in Christ and family (blood), were those words taught by my teachers in EBD and pastors who have gone through my life and every one of you, and so I think I can say.
    
I saw in all these years, people are drawn out of darkness into the marvelous light of the Lord, people close to my own house (father, mother, brothers and me), but also strangers who could see a genuine conversion, and say these words because a good tree is known for its good fruit.
    
The church is not ours, because, as I said above, WE ARE THE CHURCH, and who has the landlord of our lives is God. Each one ensure the unity of that body if the body is injured, it is our responsibility to treat the wound, and wound is not healed the harsh stabs, but with love."Love is patient, love is kind. It does not envy, does not boast, nor is arrogant. No door so inconvenient, not acting selfishly, it is not easily angered, no hard feelings." 1 Corinthians 13.4 and 5



THIS IS CHRISTIANITY...
CHRISTIAN MUTUAL ...



and if I'm wrong about these things, all I heard and learned throughout my life so far about Christianity, would be the understatement!

Thiago Vitor