Sempre que este tema me vem à lembrança, uma pergunta cala em meu coração: quem sabe? Pergunta que por vezes tento evitar. Mas ela faz parte das nossas vidas porque, ao mesmo tempo, nos remete a um sentimento de dúvida e a um sentimento de esperança. Ela é fruto dessa indagação interior, que brota sem autorização do mais profundo da nossa alma. Queremos saber os “porquês” da vida. Mas não quero falar da incerteza, e sim da esperança.
Ao lado do amor, da paixão, da solidão, a esperança tem lugar cativo no coração dos poetas, dos sonhadores. E quem não gosta de sonhar? Dizem que só as crianças e os apaixonados ousam sonhar. Se isto é verdade, quero continuar a ser eternamente criança e um apaixonado pela vida. Ter esperança é poder sonhar. De Fernando Pessoa, poeta luso, lemos:
“De tudo, ficaram três coisas:
A certeza de que estamos sempre começando.
A certeza de que precisamos continuar.
A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar.
Portanto devemos:
Fazer da interrupção um caminho novo.
Da queda, um passo de dança.
Do medo, uma escada.
Do sonho, uma ponte”.
(Certeza – Fernando Pessoa)
Sim. O sonho é a ponte que nos permite atravessar os rios da vida. A única certeza que temos é que a nossa caminhada um dia será interrompida. Quando? Não importa. Gosto do sonhador Jeremias, que me faz pensar que vale a pena continuar sonhando: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança” (Lamentações 3.21).
Infelizmente, muitos desistiram de seus sonhos. Acham que a esperança não mais lhes baterá à porta convidando-os a sair para viverem dias melhores, como constituir uma família, voltar a estudar, concluir um curso, conseguir um novo emprego, vencer uma doença, por exemplo, enfim, a alcançarem ideais que ficaram para trás. Para estes só resta uma saída: reconstruir a ponte que caiu, para que possam outra vez voltar a sonhar.
Antoine de Saint-Exupéry, autor do famoso livro “O Pequeno Príncipe”, clássico da literatura mundial, numa de suas célebres frases disse: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Tudo o que conquistamos na vida é um legado para a eternidade. Então, ainda há esperança! O que você está esperando?
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